Afinal, o que são os Certificados de Energia Renovável (I-RECs)?

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Em 2018, a Apple anunciou que todas as suas instalações passariam a operar com 100% de energia renovável. Uma iniciativa que englobava todas as lojas da empresa ao redor do mundo, estendendo-se também a seus fornecedores.

Apesar de ser impactante e incentivador ver um grande nome do mercado tomar uma atitude dessas, não é toda organização que tem as devidas condições para fazer o mesmo.

A boa notícia, porém, é que existe uma solução acessível e tão eficaz quanto as ações da gigante de Cupertino. Estamos falando dos Certificados de Energia Renovável, os I-RECs.

Neste post você vai conhecer melhor essa alternativa que vem ganhando cada vez mais espaço no país e descobrir que é possível consumir energia limpa de um jeito mais acessível.

 

I-REC Standard: conheça o programa

Quando começamos a falar de I-RECs, é impossível não citar alguns players relevantes antes de prosseguirmos com o assunto.

O primeiro deles é o I-REC Standard, a organização sem fins lucrativos que centraliza as operações desse sistema no mundo todo. É ela quem autoriza o registro de empreendimentos geradores de energia para que estes se tornem emissores locais de I-RECs — como são chamados os certificados emitidos pela entidade.

Outro nome importante da lista é o Instituto Totum, o representante brasileiro do I-REC Standard e responsável pela emissão dos certificados no país.

Além de ser emissora local de I-RECs, a empresa mantém uma parceria de longa data — iniciada em 2011 — com a ABRAGEL (Associação Brasileira de Energia Limpa) e a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) para cuidar da gestão e do desenvolvimento da certificação de energia renovável no país.

 

I- RECs: os certificados na prática

Os Certificados de Energia Renovável atuam como a opção mais viável para organizações que não têm capacidade de gerar a própria energia limpa, mas que desejam limpar sua pegada de carbono.

Quando uma empresa consome energia, o abastecimento acontece por meio de uma “mistura energética” da qual ela não tem um exato conhecimento da fonte, digamos assim. Trocando em miúdos, significa que não é possível rastrear a fonte de energia fornecida, podendo ser tanto de fontes renováveis quanto não renováveis — o que compreende desde termelétricas até usinas solares.

O diferencial vem agora: ao contrário da energia recebida pela distribuidora, os I-RECs adquiridos são legitimamente originados de fontes limpas — o que pode até ser comprovado por meio de seu rastreamento.

Ou seja, a empresa compra os certificados na mesma quantidade de sua energia consumida e pode “limpar” a pegada de carbono do seu consumo ao comprovar sua rastreabilidade. Além disso, ao comprar I-RECs, a empresa incentiva a geração de fontes renováveis na mesma quantidade da energia fóssil consumida.

 

Um pouco mais perto: conheça os detalhes

Agora que você já sabe o principal, podemos explorar algumas especificações dos I-RECs. Vamos a elas:

  • 1 I-REC equivale a 1 MWh de energia gerada por meio de uma fonte renovável;
  • Para emissão dos certificados, as empresas geradoras de energia devem homologar sua produção junto ao Instituto Totum;
  • O certificado também funciona como uma garantia ao consumidor de que somente a empresa vai utilizar a energia do I-REC adquirido;
  • Os I-RECs podem ser emitidos a partir de fonte solar, eólica, hídrica ou biomassa;
  • Eles permitem uma livre escolha do fornecedor dos certificados e fontes, conforme a necessidade da empresa solicitante, mas isso implica em valores distintos para cada ocasião;
  • O I-REC pode ser utilizado pelas empresas para neutralizar emissões de carbono de Escopo 2, ou seja, aquelas geradas indiretamente pelo consumo de energia;
  • A empresa que deseja comprar I-REC deve procurar uma comercializadora que será responsável por todo processo de aposentadoria em nome da empresa dentro da plataforma do I-REC Standard. Confira aqui mais detalhes desse processo.

 

I-RECs no mundo e no Brasil: demanda em crescimento

A busca por sustentabilidade é um fato no mundo todo. E essa também é a principal razão por trás do crescimento da demanda dos I-RECs em todo o país. Afinal, empresas que utilizam Certificados de Energia Renovável passam a frequentar a lista das que atingiram zero emissões de carbono na atmosfera — um grande objetivo socioambiental para muitas delas, conforme a RE100.

Alguns mercados, como América do Norte e Europa, possuem um sistema próprio para a emissão de I-RECs. No caso do Brasil, o país faz parte de uma plataforma chamada International REC Standard (I-REC) , que reúne 23 nações para comercializarem certificados entre si.

Além de nós, também participam alguns outros territórios da América Latina — como Chile, Colômbia, México e Costa Rica — e potências conhecidas por serem grandes mercados de energia — caso da Índia, China e Israel.

O começo dos I-RECs no Brasil foi um tanto quanto tímido. Mas o passar do tempo trouxe os certificados para o radar das empresas e hoje ocupamos o segundo lugar em volume de certificações no I-REC.

Em 2014, havia apenas 45 mil I-RECs por aqui. Já em 2019, essa quantidade saltou para incríveis 2 milhões de certificados. Isso deixa o Brasil atrás apenas da China, que lidera o ranking com mais de 8 milhões de I-RECs negociados no ano passado. Ainda assim, a previsão brasileira para 2020 é animadora e pretende dobrar os números já atingidos.

Como você pôde ver, os Certificados de Energia Renovável são uma tendência mundial e podem ser uma solução palpável para sua empresa. Para saber mais sobre outros assuntos como esse e ficar por dentro do universo da energia renovável, assine nossa newsletter!

 

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